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Perguntas … com resposta

 

Que relação têm os campos electromagnéticos das linhas de Alta Tensão com a radioactividade?

     Nenhuma.

     A energia radiada nos campos electromagnéticos é proporcional à sua frequência (a rapidez com que oscilam). A partir de um dado valor, que só ocorre para radiações electromagnéticas com frequências próximas da da luz visível, essa energia é capaz de arrancar electrões aos átomos da matéria, dizendo-se então que é ionizante. As radiações ionizantes podem, em princípio, alterar as moléculas do ADN e, por conseguinte, causar mutações cancerígenas. A luz do Sol, por exemplo, é cancerígena para a pele. As radiações cósmicas, as dos elementos radioactivos, os raios X, são todos ionizantes e reconhecidamente cancerígenos quando a exposição humana a esses agentes é intensa e prolongada. Os campos electromagnéticos gerados pelos condutores de energia eléctrica, pelo contrário, têm Extremamente Baixas Frequências e por isso não são ionizantes, sendo incapazes de alterar o ADN. O quase-estático campo magnético da Terra é muito mais intenso que o gerado por qualquer linha portuguesa de alta tensão.

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É verdade que a OMS considera os campos magnéticos como sendo cancerígenos?

     Não exactamente.

    O que a OMS subscreve é a posição definida em 2002 pelaAgência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC) e reafirmada em 2007, segundo a qual “existe uma evidência limitada para a carcinogenicidade humana dos campos magnéticos de Baixa Frequência relativamente à leucemia infantil”, e que “não existe evidência adequada para a carcinogenicidade humana desses campos em relação a todas as outras formas de cancro”, esclarecendo ainda que isso não se estende a campos eléctricos nem a animais. A IARC mantém uma tabela de classificação de vários elementos quanto à sua carcinogenicidade, que vai dos comprovadamente cancerígenos como o tabaco, o amianto, o álcool, o rádon, os raio-X e a luz solar (75 elementos), aos não classificáveis quanto à carcinogenicidade. Depois dos comprovadamente cancerígenos, a IARC lista em perigosidade os provavelmente cancerígenos (59 elementos), que incluem os fumos de escape dos motores diesel e finalmente os possivelmente cancerígenos, que são muitos (225 elementos). Estes, que incluem o café, os fumos de escape dos motores a gasolina e os “pickles”, são onde se incluem também os campos magnéticos de baixa frequência. Para a IARC um agente “possivelmente cancerígeno” é aquele cujas evidências de carcinogenicidade em seres humanos são considerada credíveis, mas para as quais não se exclui a possibilidade de outras explicações. Frequentemente esta classificação da IARC é citada sem se precisar que ela se aplica apenas à leucemia infantil e que exclui expressamente todas as outras formas de cancro.

 

Que evidências considera a OMS existirem para a sua posição sobre a carcinogenicidade dos campos magnéticos?

     As evidências existentes são duas análises de conjunto (“pooled analysis”) de muitos estudos epidemiológicos feitos nos EUA, Canadá e vários países da Europa do Norte, abrangendo mais de 100 milhões de pessoas ao longo de várias décadas, e em que num deles se observou, perto de linhas de alta tensão, um total de 44 casos de leucemia infantil quando seriam de esperar, na ausência dessas linhas, de 14 a 35, e no outro, mais abrangente, registaram-se 98 casos quando seriam de esperar de 42 a 85 casos. Relativamente ao valor médio esperado, o primeiro estudo aponta para uma duplicação do que seria normal mas, em números concretos, o que se observou, para uma enorme população e várias décadas, foram 44 casos quando a média normal esperada seria de 24.

 

Porque diz a OMS que ainda não há certezas sobre a carcinogenicidade dos campos magnéticos?

     Por duas razões: a primeira é que nenhum estudo laboratorial confirmou qualquer mecanismo explicativo de como poderá o campo magnético à frequência das redes de energia causar alterações no ADN, nem isso é considerado fisicamente plausível, por esses campos induzirem efeitos no interior do corpo humano muito inferiores aos dos próprios campos naturais deste. A segunda razão é um conjunto de fraquezas dos estudos epidemiológicos realizados e que têm sido criticadas por vários cientistas de competência reconhecida pela OMS. Na realidade, estes estudos, que consistem em comparar o número de casos de doença verificados com o estatisticamente esperado na ausência dos campos magnéticos, defrontam-se com duas grandes dificuldades: a primeira é que a leucemia infantil é uma doença muito rara (1 caso-ano por cada 30 mil crianças, em média), e a segunda é que pouca gente vive perto de linhas de Muito Alta Tensão (0.5% da população, na Europa). A combinação destas duas raridades cria um número muito pequeno de leucemias infantis na vizinhança das linhas de Alta Tensão, o que acarreta grandes incertezas estatísticas, mesmo quando muitos estudos desses são fundidos em análises de conjunto.

 

O que falta saber para se ter a certeza sobre os efeitos da exposição do campo magnético para a saúde?

     Dada a extensão e inconclusibilidade dos estudos epidemiológicos já realizados e relativos à leucemia infantil, alguns conceituados cientistas consideram que não vale a pena fazer mais. Por outro lado, também já foram gastos muitos milhões de euros e dólares em estudos laboratoriais igualmente inconclusivos. Na verdade, é muito difícil provar que um qualquer agente é inofensivo para a saúde. Por estas razões, a própria OMS considera que o esclarecimento deste assunto passa pela compreensão é do processo de desenvolvimento da leucemia infantil. Presentemente pensa-se que a maioria dos casos desta doença, que em regra se manifesta antes dos 3 anos de idade, resulta de uma predisposição genética presente em cerca de 1% das crianças, promovida depois por uma reacção imunológica desadequada a uma infecção vulgar, como uma constipação ou uma gripe. Um facto interessante comprovado, por exemplo, é que nas crianças expostas desde muito cedo ao ambiente de infantários com pelo menos outras 3 crianças, a taxa de leucemia infantil é metade da que se verifica nas que ficam sempre em casa, no 1º ano de vida, com mães domésticas; a exposição precoce a contágios infecciosos parece amadurecer saudavelmente o sistema imunitário. A leucemia infantil também é ligeiramente mais frequente nas famílias ricas, o que se pensa resultar de estas terem ambientes mais assépticos em casa. Há, naturalmente, outros agentes causadores da leucemia infantil, como a radioactividade e os raios-X. Quanto a estes comprovou-se que aumentam em 50% o respectivo risco quando as mães os recebem durante as gravidezes. Por este motivo, aliás, se deixou de praticar medicamente raios-X a grávidas.

 

As linhas de alta tensão são a principal fonte de exposição pública aos campos magnéticos?

     Na sua proximidade, em geral são. Porém, os circuitos de baixa tensão residenciais e os electrodomésticos também nos expõem a campos magnéticos, que em geral não ultrapassam, em média, 0,1μT. Nos EUA a exposição residencial é maior, atingindo os 0,2μT. A poucos metros das linhas aéreas, os campos magnéticos podem atingir alguns microtesla. Porém, valores similares se observam no interior dos automóveis modernos, produzidos pela rotação dos pneus radiais que se tendem a magnetizar com o tempo, e valores bastante superiores são frequentes em comboios, na vizinhança das suas linhas eléctricas e no metropolitano. Por outro lado, também sobre os passeios de algumas ruas, debaixo dos quais há invisíveis cabos eléctricos subterrâneos de média e de alta tensão, assim como em alguns pisos de edifícios próximos desses cabos e de transformadores de distribuição montados no interior de edifícios, os campos magnéticos podem atingir alguns microtesla, valores frequentemente superiores aos observados a algumas dezenas de metros das linhas aéreas de muito alta tensão.

 

Que medidas de precaução têm sido tomadas noutros países relativamente à exposição aos campos magnéticos?

     A esmagadora maioria dos países europeus adoptou, como Portugal, a recomendação do Conselho Europeu de 1999 no sentido de se assumirem os limites recomendados pela OMS em 1998, mas poucos o puseram na lei como Portugal. Fora da Europa são raros os países que adoptaram as recomendações da OMS e mudaram alguma coisa, com excepção da China e do Japão. Há, entretanto, alguns poucos países e Estados norte-americanos que têm estado a adoptar nos últimos anos medidas de precaução contra a exposição aos campos magnéticos bastante mais restritivas que os recomendados pela OMS, concretamente e por ordem decrescente de exigência quanto aos campos magnéticos máximos admitidos: Suíça, Israel, Holanda, Califórnia, Itália e Eslovénia. Porém, em caso algum se adoptou aí uma política generalizada de enterramento das linhas, sendo a medida mais vulgar a de aumentar as distâncias das novas linhas a residências e sobretudo a escolas, a de criar corredores para as novas linhas com construção interdita e largura variável e, na Suíça, Israel, Califórnia, Japão e Itália também em certos casos a modificação da geometria dos apoios de linhas já existentes.

 

Enterrar as linhas de alta tensão resolve o problema da exposição pública aos seus campos magnéticos?

     Só parcialmente.

    O campo magnético a que se está exposto na proximidade de uma linha aérea é proporcional à distância entre os respectivos 3 condutores de fase, e inversamente proporcional ao quadrado da nossa distância média à linha. Quando uma linha de alta tensão é substituída por um cabo subterrâneo, neste os 3 condutores de fase estão mais próximos uns dos outros, mas em contrapartida o seu conjunto está muito mais próximo da superfície do solo do que o da linha aérea. Daqui resulta que, para lá de alguma distância, o campo magnético do cabo subterrâneo é de facto substancialmente menor que o emitido pela linha aérea mas, em contrapartida, na sua imediata vizinhança, por exemplo por cima do cabo, o campo magnético é muito superior ao que há debaixo da linha aérea! A substituição de uma linha aérea por um cabo subterrâneo reduz a largura do “corredor” de interdição, mas não o elimina e até intensifica o campo magnético na imediata proximidade, apesar da invisibilidade dos cabos poder criar uma falsa ilusão de inexistência desse campo.

 

Que recomendações faz a OMS aos políticos relativamente à exposição pública aos campos magnéticos das linhas de Alta Tensão?

     A OMS começa por recomendar às forças políticas que adoptem os guias internacionais sobre a limitação da exposição pública e dos trabalhadores aos campos magnéticos, o que Portugal já realizou em 2004. Porém, a OMS recomenda ainda que “os políticos devem estabelecer um programa de protecção contra os Campos Electromagnéticos de EBF que inclua medições de todas as suas fontes, de modo a garantir que os limites de exposição não sejam excedidos tanto para o público em geral, como para os trabalhadores”, o que não parece já ter sido realizado em Portugal pelo menos de forma publicamente visível. Por outro lado, recomenda a OMS às “autoridades nacionais” que “realizem uma estratégia eficaz e aberta de comunicação para permitir a tomada de decisões informadas por todas as partes interessadas; isto deve incluir informação sobre como podem os indivíduos reduzir a sua própria exposição”. E afirma a OMS, quanto às “autoridades locais”, que “ devem melhorar a planificação de instalações emissoras de CEMEBF, incluindo uma melhor consulta entre a indústria, o governo local e os cidadãos, ao localizarem as fontes principais de emissão de CEMEBF.” No fundo, o que a OMS recomenda aos responsáveis políticos é que mostrem sensibilidade aos medos dos cidadãos, quer mostrando empenho fiscalizador, quer esclarecendo, quer promovendo o diálogo entre as partes.

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Fonte:

José Luís Pinto de Sá, Prof. Dr. Engº INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/3779571787306/FAQs%20sobre%20linhas%20de%20Alta%20Tensao%20e%20saude%20publica.pdf

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As linhas são perigosas para a saúde?

     Portugal dispõe de legislação que garante a total segurança de pessoas e de bens debaixo e na vizinhança imediata das linhas, conforme as mais recentes recomendações de organizações internacionais de saúde. A legislação e regulamentação portuguesa coincidem com a legislação europeia e as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para dar uma medida desta segurança note que a Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Agência Internacional para Investigação do Cancro (IARC), classifica o risco dos campos eletromagnéticos (CEM) ao nível do risco de consumo de café.

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As linhas emitem radiações nocivas? 

     As linhas de transporte de energia geram apenas campos eletromagnéticos de muito baixa frequência que não afetam os seres vivos, razão pela qual são designadas de não-ionizantes, ou seja, que não conseguem quebrar as moléculas do corpo nem afetar as células do organismo.

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Os campos eletromagnéticos são um risco?

     Não.

     A eletricidade e o magnetismo encontram-se presentes no planeta terra e em todos os seres vivos, assim como no ambiente que nos rodeia. As atividades humanas, doméstica e industrial, são geradoras destes fenómenos com diferentes frequências. No dia a dia, estamos todos em permanente exposição a campos elétricos e magnéticos (CEM). Todos dormimos e acordamos com o som de um despertador ou de um telemóvel ao lado, ligamos a torradeira, o aquecimento elétrico, a máquina de café, a máquina de lavar roupa, o secador, o aspirador, o ar-condicionado ou o micro-ondas. Todos estamos expostos aos campos das catenárias dos comboios ou dos carris do metropolitano, aos motores dos automóveis, aos computadores e às fotocopiadoras. Todos estes equipamentos têm de obedecer à legislação e as linhas da RNT também obedecem.

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As linhas provocam cancro?

     A Organização Mundial de Saúde (OMS), após mais de trinta anos de estudos exaustivos sobre este assunto em vários países, afirma não haver nenhuma evidência consistente que demonstre uma relação entre as linhas de transporte de energia e as doenças cancerígenas em humanos e animais.

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Há possiblidade de desenvolver outras doenças?

     Foram estudadas todas as possibilidades de haver uma associação entre a exposição aos CEM e vários tipos de cancro, doenças cardiovasculares, depressões, suicídios, infertilidade e interrupções involuntárias de gravidez, entre outros. A maioria dos cientistas, depois de múltiplos estudos internacionais, não encontra qualquer relação válida entre estas patologias e os CEM. Não sendo a REN uma autoridade de saúde, informação mais detalhada ou pareceres sobre esta matéria podem ser obtidos junto da Direção Geral de Saúde (DGS).

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Existem vários estudos e dúvidas sobre o risco dos CEM. Em quem devo acreditar? 

     Todas as linhas de transporte e distribuição, incluindo as instalações elétricas nas nossas casas, produzem campos eletromagnéticos, tal como os telemóveis, micro- -ondas, máquinas de lavar roupa ou de barbear. Sempre que tiver dúvidas solicite informação à Direção Geral de Saúde (DGS) ou consulte o website da Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar da intensa pesquisa internacional, não existem provas de que a exposição aos CEM, dentro dos limites recomendados, apresente riscos para a saúde. A REN, sempre que lhe é pedido, mede a intensidade dos CEM ao redor das suas linhas, a fim de comprovar a sua conformidade com a legislação, para além da monitorização regular que efectua ao longo das linhas.

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Quais os limites recomendados pelas instituições internacionais?

     A Comissão Internacional para a Proteção Contra as Radiações Não-lonizantes (ICNIRP) recomendou, em 1998, (kV/m) para valor máximo de campo eléctrico e 100µT para valor máximo de campo magnético, independentemente da distância e do tempo de exposição. Estes valores são igualmente adotados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e propostos na Recomendação do Conselho Europeu n.º1999/519/CE. Mais recentemente, em 2010, e tendo em conta os conhecimentos mais recentes sobre o tema, o ICNIRP efectuou uma revisão das suas recomendações (disponível em português no site do ICNIRP em http://www.icnirp.de/ documents/LFgdlpor.pdf), indicando 200µT, o que ainda reforça a segurança da legislação europeia.

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Como foram definidos os valores de referência?

     A OMS fez um levantamento exaustivo dos estudos credíveis sobre os efeitos dos CEM, tendo em conta os setores mais sensíveis da população, como crianças, idosos e doentes, e foram identificados valores de exposição suscetível de provocar efeitos biológicos indesejáveis. Os níveis de referência foram obtidos aplicando um fator de segurança de 50 (valores de referência 50 vezes mais seguros do que esse limiar).

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A REN cumpre a lei?

     Sempre.

  Todas as linhas da RNT cumprem escrupulosamente a lei portuguesa, as recomendações da União Europeia (UE) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo esse cumprimento verificado pelas autoridades competentes.

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Quais os valores que podemos encontrar no quotidiano?

     O campo magnético de uma linha de 220 kV, a uma distância de 30 metros, é de cerca 2µT (micro-Tesla), quatro vezes inferior ao valor do campo magnético de uma máquina de lavar roupa, a 30 centímetros, que ronda 8µT.

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A que distância devo estar de uma linha de transporte?

     A segurança para a saúde não se estabelece por distância, mas pelos valores do campo elétrico e do campo magnético que podem ser efetivamente medidos. Nas linhas de 220 kV são garantidas distâncias mínimas ao solo de 12 metros e nas de 400 kV de 14 metros. Em Portugal a conformidade deve ser e é assegurada em todo o espaço da servidão, mesmo directamente sob as linhas.

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Como é verificado o cumprimento dos limites legais?

     São efetuados cálculos de previsão na fase de projeto, que posteriormente são confirmados com medições. As linhas são ainda periodicamente monitorizadas ao longo de toda a sua vida útil para evitar qualquer anomalia. Todos os relatórios de monitorização das diversas infraestruturas encontram-se disponíveis na página da internet da REN (www.ren.pt).

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Se tiver um pacemaker posso circular por baixo de uma linha de energia?

     Pode.

   Os médicos apenas aconselham, por precaução, pessoas com dispositivos eletrónicos implantados, nomeadamente pacemakers de primeira geração, a evitarem a exposição a linhas de energia. Caso ocorra, causa um desconforto que desaparece logo que a pessoa se afasta da linha.

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Fonte:

​https://www.ren.pt/files/2014-06/2014-06-05120329_f7664ca7-3a1a-4b25-9f46-2056eef44c33$$72f445d4-8e31-416a-bd01-d7b980134d0f$$22f07823-749b-4332-b142-43aa81aecf50$$storage_image$$pt$$1.pdf

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