Visitas de estudo
Olá a todos!
No passado dia 9 de maio fomos visitar, no âmbito da participação no Projeto Medea 10, a Central Termoelétrica do Caldeirão e a Central Geotérmica da Ribeira Grande, ambas a serviço da empresa EDA – Eletricidade dos Açores.
Começámos por ir à Central Termoelétrica do Caldeirão (CTC), e, logo à primeira vista, ficámos impressionados pelas suas dimensões. Nesta Central, inaugurada em 1987, a principal ação é a queima de fuelóleo/gasóleo, para a produção de energia elétrica. Cá na nossa ilha, cerca de metade da energia elétrica é produzida por esta Central, sendo que os outros 50 porcento provêm da energia hídrica, eólica e geotérmica.
Com o aumento do número de consumidores de energia, esta Central já sofreu algumas obras de ampliação e atualização, onde foram adicionados mais quatro grupos geradores, num total de oito, que é o número de geradores nesta Central.
No ano de 2001, houve a construção de um novo edifício para alojar os grupos 5 e 6, que entraram em funcionamento no ano de 2002, e têm uma potência de 43,71 MW cada.
Em 2003, na segunda fase de ampliação e atualização, consolidou-se a ampliação de 2001 e introduziram-se mais dois geradores iguais, com os mesmos 43,71 MW de potência, tendo estes entrado em funcionamento em 2004.
Cada grupo gerador é equipado com um grupo motor diesel/alternador, um transformador principal e sistemas auxiliares eletromecânicos. Nos motores diesel, através da combustão, dá-se a transformação de energia química do combustível, em energia mecânica, acionando o movimento rotativo do alternador, no qual se efetua a produção de eletricidade.
Estes geradores têm um tempo de vida útil de 25 anos, tempo esse que pode ser prolongado através de remodelações e modificações tecnológicas.
Atualmente, a central tem uma potência térmica de 254 MW.
A EDA preocupa-se bastante com o meio ambiente, por isso, adotou algumas medidas a fim de atenuar a poluição produzida por esta Central. Os combustíveis fuelóleo e gasóleo são transportados por autotanques e descarregados em zona de receção de combustíveis da CTC e conduzidos para os respetivos reservatórios. Todo este processo é efetuado sem fugas de combustível. O maior impacto ambiental acaba por ser a contaminação do ar, devido às emissões atmosféricas. A emissão de outras partículas e gases encontram-se abaixo dos valores-limite impostos por lei.
Os novos grupos geradores (5, 6, 7, 8) têm chaminés com 35 metros de altura, para dispersar os gases poluentes. Para reduzir as emissões de dióxido de azoto, existe um sistema de tratamentos e o processo de combustão é controlado. No novo edifício, a construção foi feita utilizando materiais que permitem uma boa atenuação do ruído para o exterior (poluição sonora).
Para além da preocupação por parte da EDA com a emissão de gases poluentes, esta também não se esquece dos resíduos devidos ao tratamento do fuelóleo/gasóleo que tem de ser feito antes de entrar nos motores para combustão. O combustível é aquecido seguindo para a depuração e depois clarificação; as borras são encaminhadas para um depósito estanque onde, atingindo uma determinada capacidade, vem um camião autotanque que o recolhe e envia, por barco, para o Continente, onde é feita a reciclagem, sendo transformado e usado para a produção de plásticos, borracha, fabrico de pneus e alcatrão.
Nesta central existem dois depósitos de fuelóleo, cada um com 2500 m3 de capacidade. Este fuelóleo tem de ser tratado e dele resultam águas que são tratadas por uma ETAR interna, sendo posteriormente lançadas para o solo. Embora impróprias para consumo, são inócuas ao solo, e a prova disso é a vegetação verde e saudável em volta desta Central.
Aproveitámos para fazer medições de campo eletromagnético com o Spectran nesta Central, e obtivemos alguns valores interessantes debaixo das linhas de transporte, e junto do alternador:
- Tranformadores ( a 2 metros): 3.1 nT
- Transformador de potência (TP4) em stand by ( a 1 metro): 5,1 nT
- Transformador de potência (TP5) em funcionamento ( a 1 metro): 1,119 uT
- Por baixo das linhas de transporte ( a uma altura de 5 metros aproximadamente): 2,164 uT
- Junto dos motores e alternador (a 1,5 metro): 1102 uT
Passando à Central Geotérmica da Ribeira Grande, esta possui uma capacidade de geração de 13 MW. Em 1994 foram instalados dois turbo-geradores duplos de 2,5 MW cada e em 1998, mais dois de 5 MW cada.
O sistema desta Central é mais simples, pois tudo se realiza em poucos processos ao contrário da Central do Caldeirão. São feitos furos de captação de água entre1500-2000 metros de profundidade, que vem a 150ºC, e que é utilizada para aquecer um fluido intermédio (pentano).
O fluido geotérmico bifásico (vapor e água), que provém dos poços, entra no primeiro separador, que separa a água (brine) do vapor.
O fluido intermédio, no seu maior estado de entalpia, sob a forma de vapor, expande-se e aciona a turbina do alternador, e assim se produz energia.
O fluido orgânico (água) é depois reconduzido e reinjetado no solo, sem que haja algum perigo. (Através da utilização de corantes, sabe-se, por meio de estudos, que esse fluido orgânico vem a ser captado novamente entre 6 a 9 meses depois.)
Cerca de 40% ou pouco mais da energia utilizada na nossa ilha provém desta Central. (40% durante o dia e entre 60-80% durante a noite)
No nosso concelho, temos uma Central Hídrica, que também produz energia, e no concelho vizinho, temos um parque eólico, visível de algumas das nossas casas, constituído por 9 turbinas.
Foram duas visitas muito interessantes, nas quais adquirimos mais conhecimentos sobre a energia e sua produção, conteúdos relacionados com o programa da disciplina de Física. Pudemos também realizar medições para o Projeto Medea 10. Cada vez mais devemos utilizar energias renováveis, e, consideramos a nossa ilha exemplo disso, dado que metade da energia produzida cá provém da Natureza.